Em uma rua do centro da cidade com restaurantes e lojas modernas, ainda se vê um resquício de um passado do Rio de Janeiro. Em um prédio comercial na Travessa do Ouvidor, número 9, a porta pantográfica, como é chamada a porta de antigos elevadores, prevalece. Esse elevador também está presente em outros prédios e no Centro Cultural Banco do Brasil.
A origem da palavra pantográfica vem do grego “Pantos” e faz referência a um aparelho utilizado para fazer transferência de figuras, conhecido como compasso. A porta possui uma grade retrátil e quatro barras articuladas, duas delas maiores e duas menores que se mantêm paralelas. É exatamente esse o formato e a dinâmica da porta.
Segundo Nayan Massena, de 21 anos, que trabalha com encomenda de portas de elevadores, o material é feito de alumínio e ferro. Nayan conta que tudo é feito de maneira artesanal: esse tipo de porta não é comprado, é fabricado em determinado prédio. Os preços dessas portas variam de região para região. Em Duque de Caxias, na Baixada Fluminense, na loja Cabral Empreiteiro, o preço para fabricação é a partir de R$800 por metro quadrado; já em Copacabana, na Zona Sul, na loja Atlântica Vidros, o valor por metro quadrado é de R$1050.
A ideia de um novo projeto para uma modernização da porta está em processo, porém, segundo Jorge da Silva, de 79 anos, um dos responsáveis pela manutenção dos elevadores, a ideia de ter um elevador desse tipo valoriza uma relíquia: “O elevador existe há 42 anos, ela é mais segura do que as portas de elevadores modernos, pois a pessoa só consegue puxar a porta quando o elevador para no andar. Em geral, não vejo as pessoas que a utilizam diariamente tendo medo de andar nesse elevador”.
Para Carlos da Silva, de 37 anos, funcionário de um prédio comercial na Travessa do Ouvidor, a mecânica da porta é totalmente segura e, quando acontece algum problema, o mecânico resolve rapidamete. “Eu acho que ela é muito segura, pois é aberta e ventilada. O dono já pensou em trocar, mas não há espaço o suficiente; às vezes, ela causa medo em algumas pessoas e em outras não, por conta da aparência”.
A estudante Manuela Moura, de 19 anos, tem medo de todo tipo de elevador, pois não gosta de ficar em lugares muito fechados, pequenos e que não tenham uma saída. Porém, ela ainda prefere os elevadores de portas pantográficas:
– Eu fico mais tranquila andando em um elevador que a porta é de grade, pois dá para ver o lado de fora. Os mais modernos me causam mais medo, pois não tem nenhum tipo de ventilação e nenhuma janelinha que eu possa ver o lado de fora.